A‌ ‌Força‌ ‌da‌ ‌Caatinga‌

Foi através de Aécio e Selma que conheci a caatinga. Durante a longa viagem até a chegada à fazenda deles, era possível perceber a mudança da vegetação da Zona da Mata para a Caatinga. Paisagem forte: pequenos arbustos tortuosos, duros, distantes uns dos outros. Também palmas, mandacarus, às vezes em flor outras não, umbuzeiros cheios de frutos dependendo da época do ano e da chuva. Das diversas idas para lá, pude ver uma paisagem ora verde, ora amarela.  Dependia da chuva. 

Num período de longa estiagem, depois de dias hospedada na fazenda, eu podia sentir a força da seca: meu corpo mudava de textura. E ao olhar e caminhar por aquela terra, era possível ver e sentir a força da terra e de quem lá vivia. Observei o ataque das lagartas parasitas no frágil capim que brotou após uma pequena chuva. Deveria ser alimento para as cabras. Vi o deslocamento delas para outras fazendas pela falta de alimento. Vi a “coleção de guizos de cascavéis” encontradas no entorno da casa. Vi as aranhas armadeiras, as sapitacas e também os pássaros e araras que lá habitavam.

Ouvi algumas histórias do sertão que jamais poderia imaginar. Caminhei muitos quilômetros e pude conhecer o solo, o sol forte, a lua cheia e pequenos povoados com casas bem típicas.

Convivi com este casal que conseguiu, no meio da caatinga feroz, cultivar inúmeras árvores que não pertenciam a este bioma:  jabuticabeiras, primaveras, fícus, nim, dentre outras. Todas estas árvores sobrevivem porque são regadas e não podem esperar a chuva chegar no tempo do sertão. Com isso, há lugares na casa, como as varandas do segundo andar onde você pode imaginar estar numa floresta, de tão altas e densas que ficaram. Não se pode enxergar o horizonte através delas, mas pode-se usufruir a beleza do verde e a amenidade que trazem ao clima. Mas, há outros lugares da casa onde se pode enxergar o horizonte e retornar a paisagem rústica e forte da caatinga e lembrar  de onde se está.

Pra mim este lugar é reflexo de muitos elementos da vida: o rústico, o forte, o belo, a seca, a abundância, a batalha e talvez a conquista, o cultivo e quem sabe a colheita, tudo misturado à luta, à dúvida, à perda, ao cuidado, dedicação, amor e esperança.

O que sei da caatinga, da seca e do sertão nordestino? Quase nada. Tive a grande oportunidade de passear, usufruir e conhecer uma paisagem, cultura e modo de vida muito diferentes dos que tenho na cidade onde moro.

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